Amor pelo campo e cabras são o que movem produtor a oferecer turismo rural na Capital

Proporcionar para as pessoas uma experiência da vida no campo, resgatar os valores da família, oferecer comidas regionais típicas e principalmente o amor pelas cabras. Esses são os motivos que levaram Carlos Caetano, de 47 anos, administrador por profissão e produtor rural por vocação a ter o Sítio Harmonia, localizado em Rochedinho (MS), distante 22 quilômetros de Campo Grande e com a área total de 18 hectares.

 

“A história do sítio começou em 2010 quando comprei e a primeira intenção era de vir para uma propriedade rural para ter uma melhor qualidade de vida, equilibrada, ficar mais tranquilo, sair do estresse da cidade, relaxar. Aí quando você vem vê que não é isso, é bem ao contrário, pois você trabalha muito mais. Tratamos o sítio como uma empresa mesmo, é tudo muito controlado, planilhas, entrada, saída, tudo bem profissional”, disse Carlos, que até pouco tempo trabalhava no comercial de uma loja e agora se dedica exclusivamente à vida no campo para realizar esse grande sonho.

 

Desde o começo o produtor já tinha intenção de mexer com cabras e levou cerca de 2 anos para organizar e estruturar tudo do jeito que queria. “Em 2009 assisti uma reportagem no Globo Rural sobre criação de caprinos e me encantei, porque aqui ainda é muito raro. Depois em 2010 comprei o sítio e já tinha a história das cabras fixa como objetivo de criação. Já em 2012 trouxe as matrizes de Minas Gerais e comecei nessa atividade que era mais por uma questão de ofertar um produto que não era produzido no Estado e que agregasse algum apelo além de nutrição e alimentação. No início fornecia o leite para a prefeitura, mas depois cortou o convênio e em 2014 procurei outra forma para continuar com esse meu desejo. Fiz vários cursos em Minas, São Paulo e no Rio de Janeiro e comecei a produzir os queijos conforme a demanda”, comentou ele que também tem horta orgânica e atende atualmente três restaurantes renomados de Campo Grande.

 

Carlos começou a produção de queijo e leite de cabra, porém não tinha muitas pessoas e lugares para oferecer e vender. “De início já foi complicado porque primeiro não tinha uma lei especificamente de cabras e de tanto ir na prefeitura em 2014 criou-se uma lei a respeito do leite só que não foi regulamentada de fato e por isso que falo que é difícil. Quando comecei, teve uma época que produziu muito queijo, porque a produção de leite era em torno de 1820 litros por mês, ou seja, era muito boa, mas não tinha para quem vender, colocar no comércio, porque não tinha selo. Com isso convidei meus amigos, conhecidos e as pessoas foram se interessando, queriam saber onde tinha e começaram a vir no sítio atrás, fazia uma coisa e outra e aí surgiu a ideia do ‘Café da manhã pantaneiro’, pois seria mais um produto que agregaria”, lembrou.

 

Iniciou em 2014 o café da manhã e é servido todos os domingos. “Fazemos no estilo de fazenda, pantaneiro, com quebra torto, sopa paraguaia, chipa e tudo que tem direito. Antes do café a forma realizada era mais comercial, depois virou um negócio mais natural possível, tanto a produção como o que se consome. Tudo que servimos é feito no sítio, a horta orgânica, os pães, bolos, carne soleada, queijos e leite de cabra. O que não fazemos aqui, compro de produtores e moradores da região, justamente para incentivar e valorizar a mão de obra local, com isso gerando mais renda e acaba um ajudando o outro durante esses 5 anos”, falou o produtor.

 

 

Outro ponto que Carlos acredita ser importante é no sentido de resgatar os valores da família, da união, da cultura de comer bem, de produzir seu alimento e ofertar o excedente.

 

“Não tem nada melhor do que você sentar na mesa e ter uma refeição tranquila com a família ou até mesmo amigos. Nós recebemos muita gente e é difícil vir 2 ou 3, sempre vem em grupo de 8 até chegando a 15 pessoas. É uma forma de reunir em um ambiente diferente que é o campo e também temos a filosofia sloow-food (produtos e produção limpa, boa e justa), que é de sentar para comer sem pressa, valorizar essa cultura mesmo, porque você não tem aquele café da manhã de 10 minutos e sim mais tranquilo porque o nosso tem 2 horas, sempre das 8h30 às 10h30”, declarou o produtor que recebe em média 80 pessoas todos os domingos.

 

Além do café da manhã, o sítio também possui o turismo rural que atrai muito os visitantes. “Temos também as atrações que a gente desce para ver os animais, a horta orgânica, as crianças podem tirar o leite das cabras, amamentam os filhotes, entram em contato com a natureza, visitam outros animais, brincam de gangorra, balanço, pula corda e tudo mais. Então não é apenas o café, mas sim toda uma experiência e fazemos com reserva antecipada, até para ter um melhor controle das comidas, porque tudo é feito fresco e conforme o número de pessoas que vão no dia”, afirma Carlos.

 

Os próximos passos

 

Sempre atrás de conhecimento, o produtor busca constantemente aprimorar os serviços oferecidos e é ele quem faz a entrega dos produtos, agenda, compras, controle de gastos, praticamente tudo, pois só tem um funcionário fixo e mais três que vão no final de semana para ajudar.

 

“Estou fazendo uma consultoria no Sebrae de turismo rural sensorial, que é de realmente voltar essa sensação do campo, da roça, ter um resgate e memória afetiva. Será algo mais guiado, uma experiência diferente que a pessoa terá ao ir no Sítio Harmonia. Quem desejar alugamos o espaço, já fiz casamento, aniversário, batizado, feijoada, entre outros eventos. Estamos desenvolvendo o roteiro, com as programações desde quando chegar até a hora de ir embora. Além disso, tenho mais dois produtos que vou implantar, que são a criação de frango orgânico e a produção de queijos finos, mais gourmet, mas será de leite de vaca mesmo”.

 

 

O sonho

 

O grande sonho de Carlos com todo o trabalho no sítio vai bem mais do que ter mais qualidade de vida ao longo desses 9 anos.

 

“Ter um local bonito, agradável e não poder compartilhar não acho legal. Abro minha casa onde moro para os outros conhecerem e desfrutar. Hoje além de mim, realmente quero dar uma melhor qualidade de vida e alimentação para as pessoas que nos visitam. O leite de cabra mesmo hoje só ainda continuo produzindo porque tenho alguns clientes que só consomem e sobrevivem por conta dele, não ficam sem e se tornaram muito especiais. Esses dias fiz uma entrega e a mãe falou que já faziam dois meses que a filha dela não vai para o hospital, como também quando as crianças não querem ir embora ou pedem para voltar. Então ofertar isso para os outros é muito gratificante e faz todo o nosso esforço valer a pena”, finalizou o produtor.

 

Se interessou, quer saber mais e deseja passar um domingo diferente em família e com os amigos? Basta procurar no Facebook e Instagram por “Sítio Harmonia”, ou entre em contato através do Whatsapp (67) 99837-6174.

 

Fonte: Sindicato Rural de Campo Grande

Texto: Polyana Dittmar

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