Especialistas abordam mercado do boi e cuidados com a vacinação animal na pandemia

A Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS) disponibilizou esta semana dois comunicados técnicos, gratuitamente, abordando os impactos para a cadeia produtiva da carne bovina brasileira e os cuidados com o rebanho e os trabalhadores rurais durante a vacinação contra a febre aftosa, em tempos de pandemia. Neles, os especialistas apresentam análises e recomendações para os produtores rurais, técnicos e demais elos da cadeia.

 

Guilherme Malafaia, Paulo Henrique Biscola e Fernando Teixeira Dias, pesquisadores e integrantes no Centro de Inteligência da Carne (CiCarne) da Embrapa, descrevem o cenário do agronegócio durante o período de 16 de março a 16 de abril, diante das incertezas do ambiente atual causadas pelo novo coronavírus.

 

Segundo os pesquisadores, disponível em versão digital, o documento aponta “aquilo que é ou pode vir a ser vetor de alteração no modus operandi e impactar o desempenho da produção, distribuição e consumo da mencionada cadeia produtiva”. Para a captura e análise de dados, eles utilizaram ferramentas de Business Intelligence e entrevistas estruturadas com especialistas do setor.

 

Entre as reflexões, a situação atual colocará “no debate global a preocupação com a sanidade animal, em que devem crescer as exigências e consistência sobre os sistemas de vigilância e controle de doenças que atingem animais e humanos”. Para eles, é uma oportunidade para a cadeia produtiva brasileira mostrar como os processos produtivos, seja no campo ou na indústria, são confiáveis e transparentes.

 

 

Outra necessidade é fortalecer os diálogos entre os stakeholders. “A integração e a coordenação da cadeia neste momento são necessárias e estratégicas. Talvez seja um momento oportuno para romper a cultura demarcada pela falta de relacionamentos sistêmicos e avançar em modelos colaborativos em rede”, afirmam. Os pesquisadores indicam exemplos positivos como os que ocorrme na Austrália, Canadá, Reino Unido e Uruguai e sugerem que a Câmara Setorial da Bovinocultura de Corte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) possa ser um fórum propício para isso.

 

Por fim, reforçam que a conectividade atinge toda a cadeia produtiva, sendo percebidas transformações nos processos de distribuição até o consumidor final.

 

Esse conteúdo está disponível no Boletim CiCarne da semana, abaixo, com a participação do pesquisador Guillherme Malafaia, especialista em cadeias produtivas.

 

Sanidade animal

 

Ratificando os técnicos de socioeconomia, a pesquisadora Vanessa Felipe de Souza lembra que, conforme o calendário oficial, a primeira etapa de vacinação para controle de febre aftosa começará em maio, na maioria dos estados brasileiros e que “em virtude da pandemia causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2), que provoca a Covid-19, é importante a adoção de medidas preventivas pelos trabalhadores rurais no exercício de suas funções, consideradas essenciais, para assegurar sua saúde, bem como de suas famílias e da coletividade”.

 

 

Uma delas, segundo a virologista da Embrapa, é que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) adotou como comprovação da vacinação, a via digital, preferencialmente; e em estados como Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe a primeira etapa sofreu ajustes e está para 1o de junho deste ano.

 

Além disso, os cuidados recomendados pelo Ministério da Saúde devem estar presentes no manejo dos animais. Tais recomendações, Felipe disponibilizou na publicação “Vacinação contra febre aftosa e a covid-19: como proteger o rebanho sem descuidar da saúde do trabalhador rural”, na qual reforça o conceito de Saúde Única.

 

 

Na obra, a médica-veterinária fala sobre as medidas efetivas de prevenção para quem está no campo durante essa fase de campanha e sugere algumas boas práticas de vacinação. A primeira delas é vacinar somente os animais sadios. É preciso que estejam em condições nutricionais e de saúde satisfatórias para responderem adequadamente à vacinação.

 

 

Outro ponto é que todo o material deve ser higienizado e seco após a utilização, assim como restos de vacinas não devem ser reaproveitados. Antes da vacinação, o produtor e seus técnicos devem assegurar que pistolas estejam calibradas e as agulhas adequadas, além de limpas e desinfectadas, por fervura durante pelo menos 15 minutos.

 

 

Ela aconselha ainda que para garantia de adoção das medidas preventivas “é fundamental que as informações sejam discutidas de forma clara entre os trabalhadores e sejam obtidas de fontes confiáveis”.

 

 

Fonte: Embrapa Gado de Corte

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