Quilombolas ganham autonomia financeira com hortaliças

Famílias produzem com apoio da prefeitura (Foto: Divulgação)
Famílias produzem com apoio da prefeitura (Foto: Divulgação)

ZeroUmRural – Desde que passaram a se dedicar à horticultura, a partir de 2008, a vida das 33 famílias da Comunidade Negra Rural Chácara Buriti, passou por uma transformação radical, embora disponham de menos de um hectare por família para cultivar, já que 15 dos 43 hectares da propriedade são reservas legais, com vegetação preservada. Se há sete anos, para sobreviver, os quilombolas trabalhavam como empregados em fazendas da região, hoje eles passaram à condição de agricultores familiares, que diariamente colhem e comercializam 400 caixas de hortaliças (alface, cebolinha, couve e rúcula).

A Prefeitura de Campo Grande oferece assistência técnica, faz a manutenção das vias de circulação interna da propriedade, além de ceder um trator usado de forma comunitária. Segundo o prefeito Gilmar Olarte, este modelo de produção da Chácara Buriti, é um exemplo que precisa ser reproduzido em outras comunidades. “Estamos em busca de recursos para construção de sete pontes de concreto e um plano de recuperação de estradas vicinais prioritárias ao escoamento da produção”, revela.

Atualmente, os quilombolas vendem para supermercados, merenda escolar da Rede Municipal de Ensino e a Conab, por meio do Programa de Aquisição da Agricultura Familiar (PPA).

Alguns deles, como Roberval Sebastião, que é branco, mas como se casou com uma quilombola mora na comunidade há 27 anos, vende para mercados e restaurantes. Sua produção de hortaliças deu tão certo que teve de contratar funcionários para ajudá-lo no cultivo dos seus 1,5 hectare de horta, pagando 1,5 salário mínimo para cada trabalhador.

Roberval tem dois filhos fazendo faculdade. A filha está no 6º semestre de agronomia, enquanto outro filho, Robert Domingos, 18 anos, faz o 1º semestre de engenharia à noite e durante o dia trabalha na horta como funcionário do pai. Ele fez o ensino médio na escola municipal do Anhanduí e hoje cumpre uma rotina diária de deslocamentos até a faculdade na Capital. Com a renda da produção conseguiu comprar um carro zero quilômetro e está nos seus planos diversificar a produção. Ele vai apostar na fruticultura, por isto está cultivando mudas de maracujá.

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