Câmara Setorial da Cadeia Produtiva atualiza previsões da cadeia do algodão com a pandemia

A safra 2020/2021 de algodão deve alcançar 2,41 milhões de toneladas da pluma. O volume previsto é 20% inferior à 2019/20 e resulta, principalmente, da redução da área plantada, que totalizará 1,35 milhão de hectares. A produtividade média estimada é de 1.784 kg de pluma por hectare. As projeções atualizadas da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, Abrapa, mostram, ainda, que 65% do algodão plantado na safra 2020/21 é de segunda safra e 35%, de primeira.

 

Os dados foram apresentados pelas associações estaduais na primeira reunião do ano da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).  O encontro, virtual, contou com a participação de todos os elos do setor.

 

A indústria têxtil apresentou suas expectativas, diante da queda na demanda interna, em razão da segunda onda da pandemia de Covid-19 no país.  A previsão é de um consumo de 700 mil toneladas de algodão. Segundo Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o recuo nas vendas do varejo já vinha sendo observado desde novembro e, a partir de março, começou a ser sentido pela indústria. “Estamos procurando costurar soluções que não coloquem em risco toda a rede de produção e distribuição”, informou.

 

Pimentel acredita que somente em 2022 o setor retomará os níveis de 2019. Neste sentido, manifestou preocupação quanto ao estoque de passagem. “Precisamos trabalhar juntos, indústria, cotonicultura e varejo, para que não haja escassez de algodão e tenhamos uma situação de crescimento da cotonicultura e da indústria brasileira, rumo a nossa meta de um milhão de toneladas. Há preocupação com estoque de passagem muito apertado e é preciso que cotonicultura e indústria estajam afinados neste tema para não haver falta de algodão para a indústria têxtil brasileira”, concluiu.

 

No que se refere às vendas externas, a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) estima que alcancem 2,315 milhões de toneladas da pluma entre julho de 2020 e junho de 2021 – até fevereiro, os embarques totalizavam 1,8 milhão de toneladas.  “Seria um novo recorde de exportação para o Brasil, além de solidificar a posição de segundo maior exportador do mundo, depois dos Estados Unidos, com praticamente 25% do comércio global”, destacou Henrique Snitcovski, presidente da Anea. A China segue como principal destino da produção brasileira, responsável por mais de um terço das exportações de algodão.

 

A Abrapa aproveitou a reunião para apresentar o programa de promoção internacional do algodão brasileiro, o Cotton Brazil. Lançado em 2020 em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), o projeto tem foco no mercado asiático, destino de 99% das exportações brasileiras da pluma. Desde dezembro de 2020, a Abrapa conta com um escritório em Singapura, de onde foram realizados 10 eventos virtuais denominados Cotton Days – com a presença de mais de mil potenciais compradores, embaixadores e diplomatas – além de reuniões com as principais entidades do setor industrial têxtil da Ásia.

 

Como convidada especial da reunião, a pesquisadora Lêda Carvalho Mendes, da Embrapa Cerrados, falou sobre perspectivas de uso da Análise Biológica dos Solos – BIOAS – para uma agricultura mais sustentável. Lançada no ano passado, a tecnologia busca aliar alta produtividade com qualidade de solo. “Queremos fazer agricultura em solos saudáveis”, afirmou.

 

Deliberações

 

O reajuste do Preço Mínimo do Algodão foi um dos temas em debate. A Câmara setorial decidiu solicitar ao Mapa a atualização dos valores no próximo Plano Safra, que deve ser anunciado pelo governo federal entre maio e junho deste ano. A proposta está sendo elaborada com base em dados do Centro de Pesquisas Econômicas da Esalq/USP e da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). “É importante termos a garantia do preço mínimo não só para uma eventualidade, que esperamos que não aconteça, mas também como balizador dos cálculos para tomada de empréstimo e outros levantamentos”, pontuou o diretor-executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero.

 

Outra demanda que será enviada ao Ministério da Agricultura é a criação de mecanismos regulatórios que minimizem os impactos do processo de reavaliação do imidacloprido à agricultura brasileira. Também será reiterado o pedido, feito em dezembro de 2020, de priorização de registro de defensivos para pragas de difícil controle, como o bicudo do algodoeiro e a ramulária.

 

Ao final desta 62º reunião da Câmara Setorial, o presidente, Milton Garbugio, passou a liderança do fórum a Júlio Cézar Busato, que está à frente da Abrapa, desde janeiro deste ano.  “Queria agradecer a todos da câmara setorial, quantos problemas já resolvemos aqui. Temos muitas conquistas e ficamos orgulhosos com isso”, falou Garbugio. “Temos que, intensivamente, trabalhar cada vez mais e mostrar que temos, sim, produto com responsabilidade e qualidade como qualquer produtor do mundo”, finalizou.

 

Em nome do setor, Busato agradeceu a atuação de Garbugio em ações que beneficiaram a cotonicultura brasileira e reiterou o compromisso dos produtores com qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade. “Temos que fazer o dever de casa, vamos ter um trabalho enorme e não vai ser fácil. O que queremos, com isso, é conquistar mercado e valorizar a pluma brasileira”, destacou. A próxima reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados está marcada para julho.

 

Fonte: Abrapa

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