Agricultor de assentamento em MS superou obstáculos e realizou sonhos ao lado da família

 

Gedimar Martinez de Aragão e Elaine Aparecida da Fonseca, do lote 36, sítio Santa Izabel, no Assentamento Conquista, em Campo Grande-MS, são prova viva de que a persistência é a ferramenta que conduz à vitória. O casal que nasceu e cresceu no campo superou os mais difíceis obstáculos, como viver em um barraco de lona e lidar com a falta de água potável e de energia elétrica, para sobreviver e conquistar seu primeiro pedaço de terra para começar a produzir e viver da terra.

 

Há 22 anos Gedimar foi trabalhar no lote de cinco hectares ao lado pai quando ainda era vivo. “Eu vim como agregado, não era titular, já tinha duas crianças de dois e sete anos de idade e não tínhamos nenhum recurso. Eu, meu pai, minha esposa e minhas duas filhas iniciamos a verdadeira agricultura familiar aqui”, lembrou. O primeiro trabalho no lote foi plantar uma horta com irrigação manual, mas como a renda obtida não era suficiente para alimentar a família, trabalhava à noite na cidade para garantir o sustento.

 

 

“Quando eu cheguei no assentamento não tinha nem luz. Nós vivemos à luz de velas por dois anos. No começo é muito difícil resistir porque há muito sofrimento. Nós só tínhamos uma carroça para conseguir pegar o transporte na estrada e a água aqui era a do poço”, detalhou.

 

Na área urbana ele já havia atuado como garçom, cozinheiro e técnico em contabilidade. Mas seu desejo sempre foi viver no e do campo. A união com a Elaine fortaleceu sua vontade, ela, apaixonada pela agricultura, abraçou a missão. “Eu sou filha da agricultura, meus pais e meus avós já trabalhavam com o café no Paraná, mas a geada acabou com a plantação e nós viemos para Mato Grosso do Sul quando eu tinha nove anos de idade”. Foi quando estava na escola, aos 17 anos, que Elaine conheceu Gedimar e construíram uma família. “Não consigo mais voltar para a cidade, o campo é a minha paixão, eu amo o que eu faço e vou morrer aqui”, ratificou Elaine.

 

 

Quando conseguiu adquirir uma Kombi para o transporte das mercadorias que produzia, Gedimar conseguiu focar o seu trabalho somente no assentamento e daí em diante não precisou mais trabalhar na cidade. Com a ajuda da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) começou a participar de programas governamentais de aquisição de alimentos e a contar com uma renda certa para sobreviver. “Um dos primeiros programas que participei eu plantei meio hectare de abóbora com quatro regadores e a primeira irrigação mecânica que ganhei foi por meio da Agraer”.

 

Passadas as maiores dificuldades, a realidade do casal agora é outra. A partir do apoio que receberam da Agraer para se desenvolver no campo, eles conquistaram o sonho de viver integralmente da agricultura. “Hoje nós temos trator e implementos e agora eu realizei outro grande sonho que foi comprar minha própria colheitadeira. Minhas filhas estão casadas e estão muito bem, então eu só tenho a agradecer”.

 

 

Gedimar e Elaine não deixam nenhum espaço vazio em seu sítio. Lá eles fazem silagem, plantam milho para colher os grãos e recentemente produziram feijão e sorgo. Os grãos são vendidos para produção de ração, a silagem para os criadores de gado e as hortaliças atendem ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e são comercializados no Centro de Comercialização da Agricultura Familiar (Cecaf), localizado no interior da Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul (Ceasa).

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