Crianças e adolescentes deixam sala de aula para conhecer plantio de guavira

Promover o resgate cultural das riquezas sul-mato-grossenses, fomentar o conhecimento e despertar o interesse pela área científica e biológica entre crianças e adolescentes. Embasada neste tripé que a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) em parceria com a EM Professora Oneida Ramos vem, desde o ano passado, junto com estudantes do 5º ao 8º ano do ensino fundamental com o projeto Resgatando Plantas do Cerrado.

 

O projeto de autoria da professora de Ciências, Helena Martins, bióloga de formação, surgiu devido a uma carência de conhecimento das crianças em relação aos frutos típicos do cerrado brasileiro. “Tudo começou quando eu comecei a trabalhar com os alunos sobre as plantas do cerrado e vi que eles não conheciam nada sobre a guavira. O pequi eles até conheciam, mas a guavira não. Tomei conhecimento dos estudos da pesquisadora Ana Ajalla e fui buscar auxílio”, lembrou.

 

O projeto surgiu devido ao desconhecimento dos estudantes em relação aos frutos típicos do Cerrado

Helena se recorda da íntima ligação que ela e a família possuem com o pequenino fruto verde que, costumeiramente, dá no meio mato. “A guavira tem história na minha família. Quando criança era costume da gente reunir a família para ir ao mato colher guavira. Sempre ouvi da minha mãe que houve tempo em que se ia até de carro de boi e isso deu até casamento na família”.

 

A ideia de buscar o auxílio deu tão certo que desde 2016 a professora e a pesquisadora estão nesse processo colaborativo. “O processo é um resgate cultural e a Ana Cristina aceitou prontamente me atender. Já temos na escola uma pequena área de plantio com mudas doadas pela própria Agraer através da Ana e Cepaer [Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer]. Eu e os alunos que cuidamos de tudo. Como a guavira é de difícil domesticação a gente perdeu algumas, mas o projeto segue com bom andamento”.

 

Na semana passada, um grupo de alunos – de 10 a 14 anos – da escola, esteve na base experimental do Cepaer com o propósito de ver de perto o que há um ano era desconhecido para muitos.

 

Alunos na área do Cepaer na qual a guavira é plantada.

“É uma forma de integrar a sociedade ao trabalho da Agraer, apresentarmos os nossos trabalhos no âmbito da pesquisa e promover essa troca de conhecimento de uma forma prática e lúdica para as crianças é um ganho para ambos os lados e, certamente, um meio de chamar a atenção das gerações futuras para a área científica”, evidenciou o diretor-presidente da Agraer, André Nogueira, que fez questão de participar da visita.

 

No Cepaer, o experimento coordenado pela pesquisadora, Ana Cristina Ajalla, vem estimular a preservação da guavira, que vem sendo aproveitada somente por meio do extrativismo. “Para que o fruto não entre em extinção é importante que a guavira saia da condição de extrativismo e passe a ser produzida comercialmente”, avaliou.

 

Entre as gerações mais velhas o fruto é tão conhecido e guarda tanta memória afetiva que o governador Reinaldo Azambuja sancionou, no dia 8 de novembro de 20117, a lei Lei 5.082 em que institui o fruto como símbolo de Mato Grosso do Sul.

 

O governador Reinaldo Azambuja sancionou a lei Lei 5.082 em que institui a gauvira como o fruto símbolo de Mato Grosso do Sul

 

Com 20 vezes mais vitamina C do que a laranja, e minerais como o magnésio, excelentes para a digestão, além de conter fósforo e cálcio que ajudam a fortificar os dentes e ossos e, também o potássio, assim é a guavira. O pequenino fruto é tão bom para o consumo humano que é recomendado para atletas por fortalecer os músculos por conta de conter zinco e óleos essenciais.

 

A base de experimentos está situada no Cepaer situado na saída para Rochedo, próximo à Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems) e Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS), em Campo Grande.

 

Texto: Aline Lira (Agraer) 

Destaques