Modernização e incentivo à comercialização beneficiam agricultura familiar de Três Lagoas

Imagine um lugar que incentive a modernização da agricultura familiar e de quebra ainda tenha dois pontos de vendas distintos: um voltado ao varejo e outro ao atacado. Pois essa é a realidade de Três Lagoas. No município há duas obras previstas para serem entregues em maio de 2021, além de três patrulhas mecanizadas que já foram disponibilizadas às famílias agrícolas – uma delas, fruto de emenda parlamentar dos deputados federais Vander Loubet e Zeca do PT, avaliada em R$ 230 mil, e entregue ao Assentamento 20 de Março em fevereiro de 2019.

 

Nos canteiros de obras, 77% das construções já foram concluídas. A feira está sendo feita com recursos próprios do Município. Já a central de comercialização, orçada em R$ 750 mil, é resultado de convênio firmado com emendas de Vander e Zeca e recursos do Governo do Estado.

 

 

Das nove centrais de comercialização implantadas em Mato Grosso do Sul até o momento, essa é a última para ser entregue.  “A central de Três Lagoas vai representar a conclusão do trabalho que o Zeca e eu iniciamos em 2015, quando firmamos o compromisso de apoiar os agricultores familiares e pequenos produtores do estado nos três pilares do setor: produção, agregação de valor (agroindustrialização) e comercialização”, ressalta o deputado Vander.

 

Agenda

 

Devido à pandemia de Covid-19 e a alguns percalços, as inaugurações estão previstas para maio de 2021, conforme explica a médica veterinária Ariani Monaly, coordenadora de Agricultura Familiar da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).

 

“Quanto às obras da central, houve uma quebra de contrato em outubro e, agora, uma nova licitação vai ser feita para conclusão da obra. O objetivo maior de ambas as obras é auxiliar o pequeno produtor a ter uma cadeia produtiva, ou seja, produção de qualidade no campo e, da porteira para fora, uma clientela satisfeita”, explica Monaly.

 

No que depender do engajamento dos agricultores familiares, o que não falta é disposição para atender a região. O produtor do Assentamento 20 de Março, Júlio César Saito, por exemplo, conta como tem sido a experiência a partir da chegada da patrulha mecanizada – viabilizada por Vander e Zeca em parceria com a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) – que incluiu um trator 4×4, grade aradora, grade niveladora e uma roçadeira.

 

“A patrulha veio direto para associação do nosso assentamento, que é isso que eu defendo. Aqui, os agricultores podem ter uma agilidade no atendimento e a comunidade tem uma autonomia maior. Sem contar que o serviço muda completamente, porque o que levaria uma semana no cabo da enxada com o trator a gente consegue fazer em uma ou duas horas”, destaca Saito.

 

Planejamento

 

O funcionamento da feira e da central de comercialização está atrelado ao que for decidido entre as entidades envolvidas no projeto, principalmente o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (CMDR), no qual os agricultores familiares têm cadeira. É o que explica o engenheiro agrônomo e coordenador da regional de Três Lagoas da Agraer, Jurandir Xavier.

 

“Ainda vamos nos reunir para discutir sobre qual é o melhor modo de operacionalização dos dois pontos de comercialização. Queremos decidir com os agricultores. A ideia é que, na feira, se tenha a venda a varejo e a central sirva de ‘mini Ceasa’, ou seja, voltado ao atacado. Assim, a central servirá para atender aos programas de compra de alimentos oriundos da agricultura familiar, bem como mercados e restaurantes, e a feira ficará para atender ao consumo doméstico”, pontua Jurandir.

 

Há uma expectativa de que ambos os empreendimentos tragam boas novas à agricultura familiar de Três Lagoas que, atualmente, conta com mais de 600 famílias. Essas famílias estão reunidas em dois assentamentos do Crédito Fundiário do Governo do Estado; dois assentamentos da Reforma Agrária do Incra; no cinturão verde do município (25); e no núcleo agrícola no Distrito de Arapuá (69).

 

“No sítio, produzo para atender merenda escolar, Conab etc. Às vezes, chegamos a rodar 500 km em um único dia para fazer todas as entregas. A maioria dos sítios tem pessoas mais velhas, então é um serviço cansativo. A central, se for atuar pelo atacado, vai facilitar e muito o escoamento da produção e as nossas vidas”, observa o agricultor Pedro Piranha.

 

A intenção é que os agricultores familiares tenham o direito de escolha de onde querem atuar. “Não queremos que a feira interfira na central ou vice-versa. Uma tem que servir de complemento à outra. Por exemplo: se um agricultor familiar quiser só atuar na feira e, por ventura, queira comprar uma quantidade da central para vender na feira, ele poderá. E se tiver produtividade pode atuar nas duas frentes. Também pode ter aquele produtor que queira só trabalhar na central. Tudo será avaliado”, revela Jurandir.

 

Potencial

 

“No laticínio de Arapuá, temos uma conversa com o deputado Vander para direcionar uma emenda para a compra de uma batedeira de leite e, pelo Governo do Estado, há uma negociação de um caminhão com tanque refrigerado. A pandemia e as eleições adiaram as coisas, mas estamos trabalhando”, afirma o produtor Vanderlei Manoel Ferreira, que complementa: “nossa capacidade de produção é de até dois mil litros, mas produzimos cerca de 1.200 litros de leite/dia. Com os equipamentos e os empreendimentos esperamos melhorar isso e expandir o mercado consumidor.”

 

Além do nicho da cidade de Três Lagoas, há outro ponto a ser explorado: o escoamento na linha de fronteira com o estado de São Paulo. “Aqui, todo mundo ajuda todo mundo. No Assentamento 20 de Março somos fortes em hortaliças e, na cidade de Mirandópolis [SP], eles são fortes em frutas. A gente sempre comercializa, faz esse intercâmbio”, conclui o agricultor Júlio César.

 

 

Fonte: Aline Lira

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