Unidas, agricultoras familiares resgatam tradição do queijo pantaneiro Nicola em Aquidauana

 

A lembrança dos queijos secando ao ar livre em uma simples fazenda pantaneira inspirou duas agricultoras familiares a empreender e resgatar a tradição do Nicola em Aquidauana. O produto é o carro-chefe da agroindústria R2, nascida da parceria entre as vizinhas Rose Cler Fernandes e Roseneide Insabralde de Souza.

 

Elas se uniram pela necessidade de agregar valor ao leite tirado em pequenas quantidades em suas propriedades, a Estância Santa Luzia e a Chácara Vitório. Antes, a atividade agrícola quase não gerava renda porque elas dependiam de atravessadores.

 

 

Hoje, elas já estão certificadas com o selo do Serviço de Inspeção Municipal de Aquidauana Simplificado (Simas). De degustação em degustação, aos poucos elas fazem com que o público conheça o sabor do queijo pantaneiro.

 

“Meu pai mexeu com fazendas a vida toda, foi pantaneiro mesmo. Naquela época, não tínhamos geladeira, mas havia produção de leite. Então se fazia o queijo, não havia onde guarda-lo e ele estufava. As mulheres da cozinha, então, faziam o Nicola, que era pendurado do lado de fora das casas para secar. Eu pensei: por que não o colocar no mercado, já que é uma tradição nossa? Aqui na região eu não conheço ninguém que o faça”, diz Rose Cler.

 

A diferença entre o produto original e o fabricado por Rose Cler e Roseneide é que a versão da R2 segue os parâmetros sanitários vigentes, secando em resfriadores, mas elas fizeram questão de manter o formato de cabaça, ingredientes e modo de preparo.

 

“Hoje nós não podemos mais deixar o queijo exposto como era feito antigamente, mas estamos introduzindo o queijo Nicola no mercado e está sendo bem aceito pelos nossos clientes”, diz Roseneide.

 

Elas explicam que a massa é muito parecida com a da muçarela, mas o resultado final é um produto mais consistente, que desfia e fica muito bom ralado em massas ou risotos.

 

Além do Nicola, outro diferencial da R2 são os queijos tipo “nozinho”, que ao contrário da concorrência, são feitos em tamanhos menores. Elas ainda fabricam requeijão de corte e muçarela.

 

Nesse processo entre a produção individual e a parceria, o papel da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) foi fundamental. Simone Rodrigues Pereira Correa, coordenadora do escritório da Agraer em Aquidauana, explica que as agricultoras familiares já haviam recebido assistência técnica para fomentar a produção leiteira.

 

“Ambas receberam kit irrigação e a Rose Cler também recebeu uma ordenhadeira mecânica. Demos toda a assistência técnica. Então passado um tempo, soube que elas estavam fazendo cursos para iniciar a fabricação dos queijos porque o leite não estava dando lucro”, afirma Simone.

 

Para que as produtoras não atuassem na clandestinidade, a Agraer ofereceu o apoio técnico para obtenção do Simas, incluindo auxílio na definição do manual de boas práticas, um fluxograma com as etapas de produção de cada um dos produtos e elaboração de rótulos, entre outros.

 

“Até hoje, quando eu tenho alguma dúvida, eu ligo para a equipe do escritório municipal de Aquidauana e eles me ajudam. Até conversei com a Simone antes de chamar a Rose para montar na Agroindústria”, diz Rose Cler.

 

“Foi por meio da Agraer que nós obtivemos equipamentos para lidar com a bovinocultura de leite. Em tudo o que nós precisamos, eles nos atendem”, completa Roseneide.

 

 

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